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Dobro minhas
Mãos em seu corpo.
O pensamento é um sonho cheio de sede e
Há crianças em seu olhar, ouvindo
Uma promessa. A noite é irreversível.
Jamais vamos nos descobrir e
Molhar o rosto. Somos uma ficção imortal.
As roupas no chão se olham como taças de vinho
Uma delas quebrada. O quarto
É um tecido levíssimo que nos veste sem número
Aqui cabem as casas, os cafés
Os cardumes, caminhos de ida
As tiras metálicas do céu noturno de onde
Serenavam cenas do futuro. A lua é nova
É necessário aguçar-se à
Sensível cicatriz na escuridão
Ao regresso da hora em que riscamos um
As vértebras do outro
E as gargantas colheram, desde cedo
Esquadrinhar o incalculável
Do amor, o movimento, o universo
Desembestado bumerangue sem
Oeste. Dobro meu
Corpo em seu corpo. Acende figuras de água
No côncavo das costas, inventa
Gostos, óleos, línguas
Emaranha com arte artérias
Inocência e impiedade. No peito há um bicho
Que bate duplamente
Enquanto vincos dessa entrega alteiam seu
Carrasco descoberto.


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